04/11/18 – ELPAISBRASIL

View this post on Instagram

Em seus tempos de tenente novato, Bolsonaro já revelava sua personalidade. Documentos publicados pelo jornal Folha de S. Paulo no ano passado mostram que, nos anos 80, os oficiais consideravam que o jovem Bolsonaro tinha “excessiva ambição financeira e econômica”. O que o levou, entre outras coisas, a procurar ouro ilegalmente com outros militares sob seu comando. Foi, entretanto, outro episódio que o tornou conhecido. Em 1986, com 31 anos, escreveu um artigo na revista VEJA em que se queixava dos baixos salários dos militares, o que, segundo ele, incentivava muitos cadetes a deixar a Academia. Foi detido pelo texto, preso durante 15 dias e sofreu um processo militar por indisciplina. Também recebeu 150 telegramas de solidariedade de todo o país e o apoio de oficiais e suas esposas. Entusiasmado com esse apoio, elaborou um plano revelador de seu temperamento. Ainda de acordo com a VEJA, um grupo de oficiais do Exército sob seu comando planejou, em 1987, a operação “Beco Sem Saída”, que consistia em explodir bombas de baixa potência em quartéis e academias militares para protestar pelos baixos salários. O assunto foi resolvido discretamente. O Tribunal Militar absolveu Bolsonaro em 1988 de todas as acusações de indisciplina e deslealdade. Mas o à época capitão precisou deixar o Exército. E começou a mirar na política. Ele nega o episódio. Ambicioso, ultradireitista, misógino e nostálgico da ditadura. O capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro será o próximo presidente do Brasil em 2019. Uma equipe do EL PAÍS investigou a trajetória do presidente eleito: onde se criou, como entrou no Exército e no mundo da política, como começou do nada e foi, pouco a pouco, tecendo apoios dos principais setores. O repórter Tom C. Avendaño foi até a cidade onde Bolsonaro cresceu.

A post shared by EL PAÍS Brasil (@elpaisbrasil) on

Deixe uma resposta