Rodoanel Norte: Dersa não divulga traçado nem número de famílias desapropriadas

Traçado será ‘ajustado’ durante a obra, diz presidente do órgão. Mais de 10 mil brasileiros perderão seus lares, de acordo com cálculo inicial
 
Com previsão de início de obra até o final deste ano, o trecho norte do Rodoanel ainda é uma grande incógnita. Não há informações sobre o local exato onde a obra será construída, nem sobre quantas famílias serão desapropriadas. A afirmação é do próprio presidente do Dersa, Laurence Casagrande Lourenço, que esteve no final do mês passado reunido com empresários na sede da Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos.
 
Os cálculos divulgados apontam que o Rodoanel vai tirar de seus lares cerca de 2.500 famílias, ou seja, mais de 10 mil pessoas que, até agora, não sabem para onde serão removidas. Moradores da área envolvida – vários bairros da zona norte da capital e do município de Guarulhos – estão revoltados com a situação de insegurança do projeto.
 
Para o vereador José Américo Dias (reeleito pelo PT), a postura do governo do estado é autoritária e desrespeita a população atingida, que fica a mercê de um improviso. Segundo cálculos do vereador, a obra do Rodoanel Norte vai desalojar entre 6 mil e 10 mil famílias. “O Dersa tem um cálculo menor porque suas estimativas são feitas a partir de fotos aéreas, que não permitem ver os vários pavimentos de cada imóvel”, explica. E lembra que nos trechos Oeste e Sul “o governo do Estado começou bem o atendimento social às famílias atingidas, mas gradativamente foi reduzindo a qualidade do trabalho de assistência e das indenizações”.
 
Traçado fora da lei
 
Já com relação ao traçado, embora o projeto já tenha o licenciamento ambiental, a falta de informações também é preocupante. É o que se depreende desta outra declaração de Lourenço na mesma reunião, em Guarulhos: “Existem uma série de ajustes locais que vão sendo construídos ao longo da obra. Então não é que não queremos divulgar, mas simplesmente porque isso vai sendo discutido e acertado ao longo da construção”, ressalvou o presidente do Dersa.
 
José Américo tem outra avaliação: “O Dersa não pode divulgar o traçado definitivo para se resguardar das mobilizações dos atingidos e, principalmente, de ações judiciais, já que o trecho norte do Rodoanel desrespeita as normas do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e do Plano Diretor de São Paulo. Uma rodovia classe zero não pode passar a menos de 20 km do centro da cidade e o Rodoanel Norte está a menos de 11 km…É uma obra inteiramente ilegal, porque fere as legislações federal e municipal”, conclui José Américo.
 
Segundo o engenheiro Mauro Victor, conselheiro do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), “não existe controle social” da obra do Rodoanel. Para o ambientalista, “o solo urbano virou uma commodity, na qual o Plano Diretor e o interesse público não prevalecem”. 
 
Mais informações:
 
Vereador José Américo Dias, tel. 11 3396-4851
 
Eng. Mauro Victor (Proam), tel. 11 2953-3002

Fonte: www.segs.com.br
DOM, 25 DE NOVEMBRO DE 2012 – REGINA ROCHA