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04 DE JULHO DE 2013 – DE UM LADO HOMENS TRABALHANDO, DO OUTRO, A EXUBERÂNCIA DAS ÁRVORES QUE LOGO, LOGO, NÃO EXISTIRÃO MAIS. ONDE FICA ESSE LOCAL? NA ENTRADA DO CLUBE DA SABESP, NO ANTIGO CAMPO DE FUTEBOL, ZONA NORTE DA CIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL.
SP perde 14 árvores por dia com aval da prefeitura
A cidade de São Paulo perdeu, com autorização oficial, 14 árvores por dia nos últimos 14 anos. Foram 72.514 exemplares cortados de lotes e áreas verdes com aval da Prefeitura. A vegetação retirada deu espaço a prédios, shoppings, ruas, estações de metrô e outras construções. O número corresponde a quase cinco Parques do Ibirapuera – a área verde da zona sul tem aproximadamente 15 mil árvores.
Os dados foram compilados pela arquiteta e urbanista Luciana Schwandner Ferreira, que os apresentou em sua dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Luciana já trabalhou no departamento da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente responsável pelas compensações ambientais exigidas para cortes de árvore. A pesquisadora fez o levantamento com base nos despachos publicados no Diário Oficial da Cidade entre 1997 e 2011.
De acordo com a Prefeitura, uma autorização somente é dada depois da exigência de replantio de um número maior de árvores do que as que foram retiradas. A pesquisa de Luciana mostrou, porém, que o mecanismo de compensação não funciona de forma eficiente e tampouco aumenta ou mesmo mantém a cobertura vegetal dos locais onde os cortes foram autorizados.
Na maioria das vezes, os cortes autorizados dizem respeito a prédios e empreendimentos em áreas nobres ou obras do poder pYúblico, que respeitam a legislação ambiental por causa da fiscalização. Na periferia, onde há pouca vigilância dos fiscais, a maioria dos cortes de árvore é feita sem registro da Prefeitura.
Entre as espécies que foram cortadas com autorização estão remanescentes de Mata Atlântica. São árvores como jequitibá, passuaré, sibipiruna, seafórtia, pau-brasil e tipuana.
Bairros bem arborizados e onde surgiram nos últimos anos dezenas de prédios no lugar das casas aparecem no topo da lista dos mais desmatados, como Santo Amaro, na zona sul, e Butantã, na zona oeste.
Devastação
O número de árvores cortadas com autorização da Prefeitura é alto, mas ainda é pequeno se comparado ao total de verde perdido pela cidade nesse mesmo período. Não entram na conta do desmatamento oficial ocupações e favelas que avançaram sobre a Serra da Cantareira, na zona norte, e na região de Parelheiros, no extremo sul.
“Existem outros cortes que não exigem compensação ambiental e, é claro, os cortes irregulares, que não estão computados. Isso mostra que a cidade pode ter perdido muito mais área verde do que aponta a pesquisa”, afirma Luciana.
Dados do Atlas Ambiental, estudo feito pela própria Prefeitura, apontou o corte de 53 quilômetros quadrados de área verde somente entre 1999 e 2000 – o equivalente a 35 Parques do Ibirapuera. A maior parte ocorreu nas bordas da cidade. “É pouco comum, nos bairros afastados, as pessoas pedirem autorização para retirar uma árvore que está atrapalhando a passagem dos pedestres ou que está velha, por exemplo”, diz a pesquisadora.
DIEGO ZANCHETTA e RODRIGO BURGARELLI
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