Pesquisadores, urbanistas e intelectuais fazem manifesto contra o rodoanel norte

De acordo com a Dersa, responsável pelas obras, a via não vai afetar o meio ambiente

Um grupo de aproximadamente cem pessoas, entre elas pesquisadores, urbanistas e intelectuais, divulgaram, nesta quinta-feira (29), um manifesto contra a construção do rodoanel norte em São Paulo. O argumento principal dos que assinaram o texto é que as obras ameaçam a Serra da Cantareira.

“Nós, abaixo-assinados, exigimos a suspensão imediata pelo governo do estado de São Paulo dos projetos e obras para a construção do trecho norte do rodoanel, de forma a permitir uma avaliação isenta e acurada sobre a necessidade real desta obra e sobre os prejuízos sociais, econômicos e ambientais que a rodovia trará para a cidade de São Paulo. A região da Serra da Cantareira, bem como as áreas vizinhas, abrigam hoje a maior floresta urbana do mundo, sendo sua conservação fator fundamental para o controle da poluição atmosférica e para o equilíbrio térmico da cidade de São Paulo. Como parque, oferece uma alternativa para passeios de paulistanos e turistas, brasileiros e estrangeiros de todas as partes do mundo. Integra, ainda, o patrimônio cultural da cidade pelas referências históricas e arquitetônicas que conserva.”

Os manifestantes também alegam que o parque é uma alternativa de passeio a turistas, integra o patrimônio cultural da cidade e tem milhares de nascentes de água.

“Como parque, oferece uma alternativa para passeios de paulistanos e turistas, brasileiros e estrangeiros de todas as partes do mundo. Integra, ainda, o patrimônio cultural da cidade pelas referências históricas e arquitetônicas que conserva. Na região, existem milhares de nascentes de água potável – daí o nome Cantareira – que constituem um manancial estratégico para a cidade. E já no final do século 19 a região da Serra da Cantareira foi protegida pelo governo como forma de garantir o abastecimento da cidade de São Paulo.”

O manifesto será lido publicamente na segunda-feira (3), por volta das 19h, no Teatro Oficina, em São Paulo.

A Dersa, empresa responsável pelas obras do rodoanel norte, afirmou que a construção do trecho não vai afetar a serra da Cantareira. De acordo com eles, os trechos que passam pela serra serão construídos em forma de túnel para não prejudicar o meio ambiente. Ao todo serão quatro túneis passando pela serra.

A empresa ainda afirmou que todo o projeto de construção do rodoanel foi feito para preservar o meio ambiente. O traçado, segundo a Dersa, quando está fora do túnel tem uma distância mínima de 500 metros do limite da mata. A empresa garantiu que as obras não vão destruir as nascentes que existem na serra da Cantareira.

Obras

No dia 13 deste mês, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), assinaram um convênio que vai permitir a construção do trecho norte do rodoanel. A obra, orçada em R$ 6,51 bilhões e que será entregue em novembro, promete tirar cerca de 17 mil caminhões das marginais Tietê e Pinheiros.

De acordo o governo do Estado, 65 mil veículos passarão pelo trecho todos dos dias. Além de reduzir em 20% o tráfego local, a emissão de poluentes cairia entre 10% e 15%.

Para que a obra saia do papel o governo Dilma vai liberar R$ 1,72 bilhão, enquanto o Estado investirá R$ 2,79 bilhões e o Bid (Banco Interamericano de Desenvolvimento) outros R$ 2 bilhões. Somados os custos dos trechos oeste (o primeiro a ser construído), sul e norte, o rodoanel está avaliado em R$ 12,8 bilhões. O novo trecho terá a extensão de 43,86 kms, dos quais 13 kms serão túneis.

Fonte: noticias.r7.com, publicado em 29/09/2011 às 19h10.

Rodoanel ficará mais perto da Cantareira

Apesar de poupar as famílias, o impacto será maior na fauna e na flora – Agência Estado – AE

Pela quinta vez desde seu primeiro projeto, o Trecho Norte do Rodoanel foi modificado pelo governo do Estado. O novo traçado preserva o bairro da Vila União, em Guarulhos, que seria cortado pelo Rodoanel, mas aproxima o anel viário ainda mais da Serra da Cantareira. O impacto já preocupa ambientalistas.

Com a mudança – uma curva ao norte que circundará a Vila União -, 340 famílias do bairro deixarão de ter seus imóveis desapropriados.

A alteração foi proposta pelos moradores à prefeitura de Guarulhos em dezembro, que encaminhou a reivindicação à Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa, responsável pela obra).

Segundo o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT), a proposta dos moradores poupa o bairro e o mantém integrado à cidade. Ainda assim, uma escola e um reservatório de água públicos terão de ser removidos nessa área. O Sítio da Candinha, parque natural tombado em Guarulhos, será preservado.

A mudança, segundo a Dersa, “não compromete o impacto ambiental” do anel viário nem vai encarecer o valor da obra, estimada hoje em R$ 6,1 bilhões (já 22% mais cara do que os R$ 5 bilhões previstos inicialmente).

O Trecho Norte tem 44,2 quilômetros – com sete túneis e 22 viadutos – e atravessará a Serra da Cantareira, passando pela zona norte de São Paulo, Arujá e Guarulhos. A previsão é que a obra comece em dezembro.

Preocupação

Para ambientalistas, o “projeto equivocado” do Rodoanel obriga o governo do Estado a optar entre “impactos igualmente relevantes” a cada mudança. Segundo o ambientalista Carlos Bocuhy, ex-integrante do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), apesar de poupar um bairro, o impacto na fauna e na flora da região será maior.

Fonte: publicado em 03/09/2011 às 11h15, noticias.r7.com.

MANIFESTO CONTRA O RODOANEL NORTE. VEJA QUEM JÁ ASSINOU.

O professor Aziz Ab’ Saber e o ator e diretor José Celso Martinez conduziram, dia 03/10/2011, no Teatro Oficina, em São Paulo, o ato de lançamento do manifesto contra o Rodoanel Norte, em Defesa da cidade de São Paulo. O documento(veja o texto abaixo), já assinado por várias personalidades, exige uma avaliação independente sobre o projeto da obra rodoviária que o governo pretende construir na região da Serra da Cantareira.

Os signatários (veja a lista abaixo) clamam pela atenção da sociedade brasileira em relação à obra e argumentam que a construção da rodovia provocará grandes prejuízos sócio-ambientais em toda a região, com a desapropriação de milhares de habitações e a destruição de uma das raras reservas urbanas de Mata Atlântica do Brasil. “O governo (do estado) e a prefeitura se negam a ouvir os cientistas, insistem em ignorar a Ciência. Essa construção vai ser uma catástrofe para a Cantareira”, declarou Ab’Saber ao comentar a insistência dos governos em dar sequência às obras do Rodoanel.

Os organizadores do evento pretendem agora ampliar o número de assinaturas, na forma de uma petição pública, e encaminhar o texto a autoridades brasileiras e internacionais da área de meio ambiente. Um dos objetivos é “congelar” o financiamento da obra até que o EIA-Rima seja avaliado por uma comissão científica independente.

Contra o Rodoanel Norte, em Defesa da cidade de São Paulo

Prof. Aziz Ab’Saber (geógrafo/ professor emérito da USP)

José Celso Martinez (assina no dia 3, em seu teatro, no evento onde será lido o Manifesto)

Bernardo Zentilli van Kilsdonk – Chile – (consultor ambiental) presidente de CODEFF – Comité Nacional Pro Defensa de la Fauna y Flora

Alcides Nogueira (dramaturgo)

Aline Meyer (sonoplasta)

Almir Sater (músico e compositor)

Andrés Bukowinski (diretor de cinema)

Anna Verônica Mautner (psicóloga e escritora)

Arieta Corrêa (atriz)

ABAP – Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas

Associação Morumbi Melhor

Berenice de Toledo Krücken Martin (advogada)

Boris Fausto (historiador)

Carlos Bartolomeu Porto Cavalcanti (publicitário)

Carlos Bocuhy – Conselheiro do Conselho Nacional do Meio Ambiente

Carlos Fernandes (construtor civil)

Celso Heredia (músico e jornalista)

Coletivo de Entidades Ambientalistas do Estado de São Paulo

Debora Bloch (atriz)

Deborah Evelyn (atriz)

Dimitri Auad – pela entidade ambientalista GPME – Grupo de Preservação dos Mananciais do Eldorado

Douglas Rizzo (cirurgião dentista)

Dulce Maia de Souza (Escola Carlito Maia) Oscip co-gestora do Parque Nacional da Serra da Bocaina

Edmundo Villani-Côrtez (compositor e professor)

Eduardo Britto (editor)

Eliane Giardini (atriz)

Evany Conceição Francheschi Sessa (jornalista) – Fundação Padre Anchieta / TV Cultura

Fabio Dib – Conselheiro do Conselho Nacional do Meio Ambiente

Fernando Benicio – Presidente da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta – MG

Fulvio Stefanini (ator)

Geraldo Carneiro (poeta e roteirista)

Ga. José Ramos de Carvalho (gestor ambiental) pela Associação Paulista dos Gestores Ambientais – APGAM

Helena Caldeira (arquiteta – ambientalista)

Itanira Heineberg (professora – Escola Graduada de S. Paulo )

Ivaldo Bertazzo (bailarino e coreógrafo)

João Heineberg (engenheiro elétrico – presidente da International Corp)

João Whitaker (arquiteto-urbanista)

Jorge Takla (ator)

Juliana Peixoto (Gerente administrativa CPV Medicina Unidade Pinheiros)

Léa Corrêa Pinto (ambientalista)

Lisiane Becker – Conselheira do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)

Luiz Mourão de Sá – Conselheiro do Conselho Nacional do Meio Ambiente

Luiz Carlos Barros Bettarello (médico homeopata)

Luiz Melodia (cantor e compositor)

Malcolm Forest (cantor, tradutor)

Marco Nanini (ator)

Margareth Fiorini (escritora)

Maria Cristina Greco (advogada)

Maria Lília Gomes de Leão (advogada)

Mauro Wilken – Conselheiro do Conselho Nacional do Meio Ambiente

Mauro Leonel – (Prof. da EACH/USP, Prof. Associado Livre-Docente e das Pós-Graduações América Latina PROLAM e Estudos Culturais/EACH).

Grupo de Pesquisa IAMÁ – Instituto de Antropologia e Meio-Ambiente, Anthropological and Environment Institute

Mauro Wilken – Conselheiro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)

Monica Becker F. Rizzo (paisagista)

Paulo de Mello Bastos (arquiteto)

Plínio Arruda Sampaio (intelectual e político, diretor do semanário Correio da Cidadania). presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária – ABRA

Raquel Rolnik – (urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada)

Richard Sippli (estudante )

Rodolfo Geiser (engenheiro agrônomo e paisagista)

Sindicato dos Arquitetos de SP – Arqtª/Urb. Áurea Mazzetti Diretora do SASP- Membro do CMPU/SP e da CEArq-Câmara Especil de Arquitetura do CREA/SP

Sonia Maria Pontes Barroso (jornalista)

Tania Henriqueta Lotto (advogada)

Tato Gabus Mendes (ator)

Wagner Giron de la Torre – (defensor público) – ACP
Ambiental, da Defensoria Pública do Estado

Fonte: Portogente (site).
(Assessoria de Imprensa do movimento, texto publicado em 04 de Outubro de 2011 – 17h49)

INTELECTUAIS SE REÚNEM EM PROTESTO INUSITADO CONTRA CONSTRUÇÃO DO TRECHO NORTE DO RODOANEL

Não foi com faixas, cartazes ou gritos de ordem em frente de alguma secretaria a forma escolhida por um grupo de intelectuais, artistas e ambientalistas para protestar contra a construção do Trecho Norte do Rodoanel.

Reunidos no Teatro Oficina, no Bexiga, o grupo promoveu, na noite de ontem, um manifesto inusitado, fazendo uma ‘Macumba Antropófaga’ pela Serra da Cantareira, baseada na Semana de Arte Moderna de 1922 e na peça teatral correlata do diretor, ator e dramaturgo José Celso Martinez, o Zé Celso.

O evento teve apresentações musicais, um brinde pela Serra da Cantareira e contra a obra, além da assinatura de um manifesto escrito para promover a paralisação da construção, já aprovada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente com início previsto para 2012. “Já fizemos diversas passeatas e levantamentos técnicos da obra, que vai tirar milhões de moradias e destruir a maior floresta urbana do mundo, mas queremos, com esse ato, levar o assunto à intelectualidade, debater com formadores de opinião, somar apoios e fazer com que o Governo pare e discuta a com a sociedade”, disse Elisa Putermanm, uma das organizadoras e integrante do Movimento de Defesa da Cantareira.

Para o diretor Zé Celso, o 1º a assinar o manifesto, ao lado do professor Aziz Ab’Saber, uma referência nos estudos de impactos ambientais, é importante que todos entrem na causa.

Segundo ele, que no último domingo, durante a peça, semeou figurativamente, em nome da Cantareira, e promoveu posts no Twitter do governador Geraldo Alckmin contra a obra, o momento é de debate. “Só vamos conseguir realizar nosso sonho, se não existir o Rodoanel.”

Fonte: Metrô News, terça-feira, 4 de outubro de 2011.