BREVE RELATO
“A VIDA TÃO SIMPLES É BOA, QUASE SEMPRE”
(Ana Carolina, cantora-compositora)
Sempre estive de olho em você Serra da Cantareira. Meu avô sempre me alertava: “Minha filha, eu construí nossa casa 🏠 bem distante da avenida, agora avenida Senador José Ermírio de Moraes, CEP 02357-00O, porque um dia, e eu não vou ver isso, mas você vai, uma estrada vai passar por aqui… “. Pensando e refletindo sobre as sábias palavras do meu saudoso avô, comecei a dirigir meu olhar para ela e lhe dar mais atenção. A motivação se deu pelas palavras e conselhos do meu avô Francisco. Então, sempre que sobrava um tempinho, adentrava nessa mata, somente para ouvir o canto dos pássaros, o cheiro da mata, o barulho do silêncio, a dança das árvores que balançavam com o vento, os macaquinhos que cruzavam meu caminho, pulando de galho em galho, o ronco dos bugios. Ao retornar para casa me sentia recarregada, fortalecida, parecia que todos os problemas tinham ficado na mata. Me sentia, leve, solta, desimpedida. Era assim meu contato com o remanescente da mata atlântica. Nós nos falávamos sem nos falar. Era uma telepatia. Mesmo caminhando sozinha, me sentia inteiramente ligada e conectada. Havia uma sintonia, uma conexão com o divino, um vínculo muito forte que eu não conseguia explicar. Eu e você, você e eu. Como explicar? Só me restava apontar o celular em sua direção e fotografar dezenas de fotos. Era a única coisa que me restava daqueles momentos mágicos. Sabe o acaso, que não existe, mas você sente que não é por acaso, é coisa de Deus. E enquanto o propósito de tudo isso não se tornar realidade, o vínculo não se quebra. Enfim, guardava as fotos e vídeos na nuvem do ICloud, de todo sentimento, de tudo que vivia. Sim, porque em cada foto, em cada vídeo eu exprimia um sentimento muito forte que era retratado.