Traçado e desapropriações para a construção do Rodoanel e Ferroanel ainda não estão definidos

Enquanto o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciava, na última quinta-feira (22), a assinatura de contrato com o DNIT para a construção do Rodoanel e Ferroanel ao norte da capital paulista, os moradores dos bairros que serão cortados pela obra continuam sem informações sobre o traçado definitivo e o número de desapropriações.

Não há informações sobre o local exato onde a obra será construída, nem sobre quantas famílias serão afetadas pela obra. A afirmação é do próprio presidente do Dersa, Laurence Casagrande Lourenço, que no final do mês passado esteve reunido com empresários na sede da Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos.

Os cálculos divulgados apontam que o Rodoanel vai tirar de seus lares cerca de 2.500 famílias, ou seja, mais de 10 mil pessoas que, até agora, não sabem para onde serão removidas. Moradores da área envolvida – vários bairros da zona norte da capital e do município de Guarulhos – estão revoltados com a situação de insegurança do projeto.

Para o vereador José Américo Dias (reeleito pelo PT), a postura do governo do estado é autoritária e desrespeita a população atingida, que fica à mercê de um improviso. O vereador avalia que a obra do Rodoanel Norte irá desalojar entre 6 mil e 10 mil famílias. “O Dersa tem um cálculo menor porque suas estimativas são feitas a partir de fotos aéreas, que não permitem ver os vários pavimentos de cada imóvel”, explica. E lembra que nos trechos Oeste e Sul “o governo do Estado começou bem o atendimento social às famílias atingidas, mas gradativamente foi reduzindo a qualidade do trabalho de assistência e das indenizações”.

Traçado fora da lei

Já com relação ao traçado, embora o projeto já tenha o licenciamento ambiental, a falta de informações também é preocupante. É o que se depreende desta outra declaração de Lourenço na mesma reunião, em Guarulhos: “Existem uma série de ajustes locais que vão sendo construídos ao longo da obra. Então não é que não queremos divulgar, mas simplesmente porque isso vai sendo discutido e acertado ao longo da construção”, ressalvou o presidente do Dersa.

José Américo tem outra avaliação: “O Dersa não pode divulgar o traçado definitivo para se resguardar das mobilizações dos atingidos e, principalmente, de ações judiciais, já que o trecho norte do Rodoanel desrespeita as normas do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e do Plano Diretor de São Paulo. Uma rodovia classe zero não pode passar a menos de 20 km do centro da cidade e o Rodoanel Norte está a menos de 11 km…É uma obra inteiramente ilegal, porque fere as legislações federal e municipal”, conclui José Américo.

Segundo o engenheiro Mauro Victor, conselheiro do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), “não existe controle social” da obra do Rodoanel. Para o ambientalista, “o solo urbano virou uma commodity, na qual o Plano Diretor e o interesse público não prevalecem”.

Fonte: http://valenews.com.br

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